sábado, 30 de agosto de 2008

Poema 'ELA' (Machado de Assis)


Primeiro poema publicado por Machado de Assis aos 16 anos de idade.
Em 12 de janeiro de 1855.


ELA

Seus olhos que brilham tanto,
Que prendem tão doce encanto,
Que prendem um casto amor
Onde com rara beleza,
Se esmerou a natureza
Com meiguice e com primor

Suas faces purpurinas
De rubras cores divinas
De mago brilho e condão;
Meigas faces que harmonia
Inspira em doce poesia
Ao meu terno coração!

Sua boca meiga e breve,
Onde um sorriso de leve
Com doçura se desliza,
Ornando purpúrea cor,
Celestes lábios de amor
Que com neve se harmoniza.

Com sua boca mimosa
Solta voz harmoniosa
Que inspira ardente paixão,
Dos lábios de Querubim
Eu quisera ouvir um -sim-
P’ra alívio do coração!
Vem, ó anjo de candura,
Fazer a dita, a ventura
De minh’alma, sem vigor;
Donzela, vem dar-lhe alento,
“Dá-lhe um suspiro de amor!”


ASSIS, Machado de, 1839 – 1908
O Almada & outros poemas / Machado de Assis – São Paulo
Globo 1997 – (Obras completas de Machado de Assis)


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13 comentários:

Anônimo disse...

Esse poema "Ela" do Machado de Assim é simplesmente maravilhoso!!
Parabéns pelo bom gosto na escolha.

Marconi disse...

o Poema Ella é lindo! eu fiz uma adaptação e musiquei; adoro Machado.

Unknown disse...

Esse poema é lindo demais... Ainda ñ o conhecia, mas agora q o li achei perfeito...
Parabéns por valorizar obra de um autor tão sublime

Anônimo disse...

Poema maravilhoso,digno de um grande amor...

CLOVIS disse...

"Vem ,ó anjo de candura,
Fazer a dita,a ventura
Da minh'alma sem vigor,
Donzella,vem dar-lhe alento,
Faz-lhe gozar teu portento,(faltou este verso)
Dá-lhe um suspiro de amor!"

(copiado do jornal Marmota Fluminense-09-01-1855,quando Machadinho contava apenas 16a)

Anônimo disse...

Muito bom para meu trabalho de escola sobre poesias sociais

Anônimo disse...

É verdade faltou o verso "Faz-lhe gozar teu portento". Como bem lembrou Clovis Domingues. Dá pra perceber a falta que ele faz na rima.

Unknown disse...

Um poema ótimo muito bom mesmo aliais o que não é bom vindo de machado de Assis?

Unknown disse...

Um poema ótimo muito bom mesmo aliais o que não é bom vindo de machado de Assis?

Marco Santiago disse...

Parabéns pelo bom gosto na escolha desse poema de Machado de Assis.

Anônimo disse...

Dom é mesmo indiscutível. Com apenas dezesseis anos já dominava com vasto primor,a arte de esculpir as palavras. Já se nasce com tal, elaborado por Deus à lumiação de nossas vidas. Quão sutil e fantástica é a nossa língua portuguesa, meio mais que propício para a cultura de tais almas, que vieram ao mundo senão para nos deixar um pedaço de beleza e ternura.

josé roberto balestra disse...

Como vemos, Machado já começou cedo e com tudo. Aos 16 anos escrever uma lindeza dessas só podia mesmo ser um ser Iluminado, um gênio apaixonado... Recentemente acabei de ler-lhe os 31 livros da coleção que tenho. Diante disso, confesso, sou fã de Guimarães Rosa, o demiurgo artesão das letras do Séc. XX, mas taí um Machado que me encanta com grande parte dum Séc. XIX que me pareceu tão fiel durante sua leitura. Para quem (feito eu) ama a literatura nacional e quer conhecer M.A. verdadeiramente é preciso ir muito além dos obrigatórios "Dom Casmurro" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas" para ver que sua linguagem é sempre atual, e que ele realmente foi um autor que transcendeu seu tempo...

A propósito ainda de M.A., leia-se também "Machado de Assis & Joaquim Nabuco - Correspondência" (Edit. Topbooks/Academia Brasileira de Letras - Rio, 2003), organização, introdução e notas de GRAÇA ARANHA, uma obra 'saborosa' para quem queira se deliciar com a nobreza de tratamento entre amigos literatos que convivam com questões importantes acerca do "papel do intelectual e do escritor no período entre o final do Império e os primórdios da República Velha."

Obrigado, Vanessa por dar-me a conhecer este poema de M.A. Retome seu blogue. abs Saúde e sucessos!

JOSÉ Guimarães disse...

O poema Ela nos revela o que viria depois dele.

Vieram muitas coisas.

Hoje lemos Machado de Assis e aprendemos novas palavras com os livros dele.